No âmbito do Congresso Português de Sociologia que decorrerá de dia 4 até 7 de Abril em Coimbra, terá lugar uma comunicação por parte de T. P. Marques, S. Portugal & M. Faustini, no dia 6 de Abril, às 16.15h: "Movimentos contra-hegemónicos na globalização da saúde mental". Esta comunicação analisa, comparativamente, dois movimentos emergentes na década de 1970 no
contexto da contestação das instituições psiquiátricas hospitalares e dos seus saberes, a Reforma Psiquiátrica Brasileira e o movimento MindFreedom (Estados Unidos). Inicialmente com um horizonte
nacional, estes movimentos de ativistas ampliaram gradualmente o alcance das suas lutas, quer através da ideia de uma transformação social portadora de valores universais (a Reforma Psiquiátrica Brasileira), quer através da expansão geográfica da sua implantação e das suas propostas (MindFreedom
International, a partir dos anos 2000). Em ambos os casos se verifica uma forte articulação entre novas
propostas epistémicas sobre o adoecimento e o cuidado e uma concepção alargada de direitos humanos. Estas articulações estão hoje na base de intervenções terapêuticas baseadas nos direitos
(rights-based approaches). Para além disso, elas vieram alargar o alcance da noção de direitos humanos, ao enfatizarem o aprofundamento da cidadania e da participação social de indivíduos fortemente estigmatizados pelo diagnóstico psiquiátrico e pelas suas diferenças psíquicas. Num segundo
momento, analisam-se as possibilidades e condições de tradução das “abordagens baseadas nos direitos” para a realidade portuguesa.